No limite: segurança,
e-feita(o) de medo
No limite: semelhança,
e-feita(o) do mesmo
Numa noite vazia
Embebido em afasia,
Seguro-me no parapeito,
Com ardor no peito,
Pesando o sunto
Eu pergunto
Se haveria outro alento
Que largar-me
& lançar-me,
Ao vento...
Uma quarta dimensão ou uma dimensão incomensurável,
A da alma que desliza com um sentimento inominável
Sobre um plano liso: sem planos & sem projetos.
Como dança dos mortos, como intensidades de trajetos
Torce a cidade – a necessidade do concreto –
Para viajar, curvar & dobrar aquilo que é reto:
Imperfeitas dissimetrias
De luzes, sombras & linhas.
Feito estrias
Riscam-lhe as espinhas,
Cortam-lhe as pernas,
Feito arte moderna...
Feito desastre moderno,
Feito bolha de sabão,
Sem perceber o inverno
Mantém-se um eterno verão,
Pois ninguém verá
Dançarmos no Sabbath.
Ai de mim, ai de mim!
O que pensei me liberar
Agora me faz presa.
& preso a essa terra
Imensa é a pobreza
De perpetuar essa guerra,
Imensa é a proeza
De sobreviver assim.
Ai de mim, ai de mim!
Ai triste sem fim,
Ai de mim!
Canto II
Por que insisto?
Por que não digo
Até logo mais?
Que armadilha criei a mim
Ai de mim, ai de mim!
Meu belo encanto
Encurralou-me num canto
Donde não saio mais
Ai de mim, ai de mim!
Por que insisto em viver assim?