quarta-feira, 27 de junho de 2012

Velhos versos finais, ao vento:


Cinco estrofes, cinco esquifes & um alento


I - Introdução em versos...

Da morte da poesia
Da domesticação do poeta
Dos suspiros que um dia
Foram palavras-seta!

II - Embotamento da poesia

A poesia se foi
Perdeu sua pulsão
Onanista, criativa, criminosa,
Sodomita, ativa, incestuosa...
A poesia se foi,
Não mais é sedição.

III - O poeta piedoso

O poeta,
Dum caçador de signos-selvagens,
Pedófilo de verdades-clandestinas,
Não passa, agora, dum pífio anacoreta
Repetidor de alegres bobagens,
Jogado às esquinas.

IV - O crime & a poesia

O crime não compensa, se aponta?
Menos ainda, digo eu, a poesia,
Pois, se algo o crime afronta,
Nos versos a afronta queda vazia.

V - A morte da poesia

Se então a poesia morreu,
Seu cadáver, insepulto, reclama.
Reclama um enterro digno ao seu corpo de lama.
A quem aos últimos suspiros do cadáver recorre
Ouve o ar vacilar e eliciar:
— O Caos nunca morre!




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