Cinco estrofes, cinco
esquifes & um alento
I - Introdução em versos...
Da morte da poesia
Da domesticação do poeta
Dos suspiros que um dia
Foram palavras-seta!
II - Embotamento da poesia
A poesia se foi
Perdeu sua pulsão
Onanista, criativa, criminosa,
Sodomita, ativa, incestuosa...
A poesia se foi,
Não mais é sedição.
III - O poeta piedoso
O poeta,
Dum caçador de signos-selvagens,
Pedófilo de verdades-clandestinas,
Não passa, agora, dum pífio anacoreta
Repetidor de alegres bobagens,
Jogado às esquinas.
IV - O crime & a poesia
O crime não compensa, se aponta?
Menos ainda, digo eu, a poesia,
Pois, se algo o crime afronta,
Nos versos a afronta queda vazia.
V - A morte da poesia
Se então a poesia morreu,
Seu cadáver, insepulto, reclama.
Reclama um enterro digno ao seu corpo de lama.
A quem aos últimos suspiros do cadáver recorre
Ouve o ar vacilar e eliciar:
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