patético
Diante do que sinto, dizer o mais óbvio é o mais verdadeiro (e sincero) e o mais mentiroso (ou inverossímil) : é uma paixão.
Pura verdade, nada mais que a verdade, posto que é isso : paixão – no sentido mais nobre (páthos) e menos niilista –, mas também completamente outra coisa que isso que românticos e moralistas apelidaram de paixão — uma versão satírica do amor, caricatura esdrúxula do que um dia nomeou-se paixão.
Sinto quase como um dever descrevê-la, porém é quase como uma impossibilidade fazê-lo – preferia não, mas... Então descrevo o que se passa e que de resto cada um tome para si. Veja que não digo "interprete como quiser" – às favas com as interpretações e com a comunicação –, digo "tomar", i.e., roubar, apossar-se de algo sem dono (e jamais possessível em absoluto). Que façam disso algo seu e que não tentem dizer o que isso significaria para mim, pois isto só deus – já falecido – poderia fazê-lo.
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