[...] e o que você conseguiu foi deixar uma marca profunda e um gosto de quero mais nos meus lábios, de tal maneira que a língua quando os toca faz exalar em cada rincão da minha alma o regozijo e a lembrança, mas, como uma droga que vicia, logo vem a dor e a angustia da falta, logo vem o desejo torturante de querer repetir a dose, que me mata, que me mói, que me consome, me destrói.
- E o eu que sobra disso?
Um inconstante instante eterno de retornos em contornos tortos e incontidos contados como se fossem contos de encantos puros, contos de fadas de final feliz pintado em céu azul com cheio de anis.
Mas aqui não há final feliz. Talvez se não houvesse final tudo já o não seria assim, mas cá pra mim, que graça teria então?
Que graça teria, se cada jardim da paixão fosse deixado morrer após a tempestade de granizo do não?
Por isso sorrio, não como se tudo fosse novo, mas como se isso não fosse o fim, o que me mata me dá sentido, mas com já dito, em quanto esse momento não chega cada golpe que não me derruba me deixa mais forte para o golpe seguinte.
Para cada lágrima que derrama minha face estampa-se um eu mais sorridente.
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