quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Nas mãos de um corpóreo mortal...

Um instante infinito

Eu poderia olhar a foto o dia inteiro, a semana inteira, o mês ou mesmo um ano completo sem sequer repetir um segundo de memória, sem me cansar por um só momento do ato, sem deixar repetir-se um só fato, um só detalhe – esses, que são milhares, vem e vão, em vão trazem e levam nos vãos do meu siso o sorriso.

Poderia ser um quadro, uma aquarela em tons pastéis, um esboço em guardanapos ou em velhos papéis. Mesmo assim poderia passar o resto da vida lembrando cada minúcia, cada nuança, cada sensação escondida, recolhida sobre as cobertas, aconchegada no colchão.

Sento, deito-me, ajeito-me buscando a posição perfeita para admirar as faces na foto. Meus dedos acariciaram o papel colorido com teu semblante, descolorido pela incerteza, pela imprecisão que me atormenta. Seria tão mais fácil uma breve resposta. Um “sim” que faz levitar, sonhar outra vez. Ou um plúmbeo “não”. Qualquer um é melhor que a mácula do silêncio deixada no coração.


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