domingo, 8 de novembro de 2009

Em cada poro do mundo-aí se impregna...

O aroma intenso do Eu

As linhas não podem suprir o desejo,
sua imensidão é seu maior pejo
Talvez pílulas possam satisfazer
o desejo interno do discurso de ser

As luzes nos postes já esmorecidas,
pálidas como damas românticas,
ocultam-no em algures, lá, velado,
como um tesouro cravado no solo

As dúvidas que me movem agora
são como gotas que marcam a hora
Talvez mais um gole não me derrube
ou mergulhe-me num sonho – Não perturbe!

Talvez se eu acender velas e orar
Quem sabe em um livro sobre como amar
O que é essa dor eu não sei dizer
Estou aqui há tanto tempo quanto você

Tudo é tão igual que o asco e temor me consomem
Tudo é tão meu que pronomes insistentes se repetem,
mesmo os léxicos, perplexos, deixam-se tremer aí
Os padrões exigem de si cada vez mais o seu falir

Olhando para os lados parece não haver saída
Aqui, nessa rua sem luzes a voz ansiosa é perdida
Entre as esquinas figuradas pelo tempo voraz
passado desenha-se, marcando-as, mantém-se tenaz

E nos últimos suspiros de cada instante talvez haja desistência, talvez não,
talvez haja só amores e incertezas, mas o que mais se precisa para viver, para mover, para – atomicamente – ser!?

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