A Arte do Contra
Não quero a arte bela nem pura
Quero a arte má, a arte escura
A arte que espinha, que dedura
A Anti-buguesa, Anti-ditadura
A arte que assusta, ataca e fura
Essa é a arte da contracultura
Aquilo que desperta nojo nas pessoas
É o que me atrai.
Naquelas coisas rejeitadas, renegadas
É que eu vejo rima.
Naquilo que o todo mais quer esconder
É o que eu vejo a grima.
Aquilo que vem e não há como conter
O que trai! O que trai!
Não quero compor um verso reto
Nem poemas feitos de concreto
Sem o sentimento como mero objeto
Fazendo emergir o que há de abjeto
Pondo o que há de repulsivo ereto
Cutucando fundo o que parece quieto
Aquilo que é pejo às pessoas
É o que me atrai.
Às deusas do Olímpio banidas
É que eu faço rima.
Naquilo que a todos mais provoca opróbrio
É o que eu vejo a grima.
Aquilo que vem proibido ao sóbrio
O que trai! O que trai!
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