O mundo (um incomensurável amontoado de inutilidades)
O estrépito
O decrépito
A guerra
O ruído do avião
A bomba que assobia pouco antes de abraçar o solo
Pouco antes do fragor
Pouco antes de produzir o cogumelo de ardor
Luminoso
Flamejante
Que queima o corpo
Que dilacera o semblante
Que trucida a alma
Mas o mundo é um amontoado de futilidades mesmo, de que importa?
O que não é útil não nos serve
E o que nos serve não apraz à alma
Agrada os corpos, quem sabe
Corpos modernos
De ternos
Ou mesmo de Jeans
Mas corpos modernos mesmo assim
Autômatos, sobras de humanos
Sombras de seres
Sem mais alma
Pois esta – foi trucidada pela bomba!
A bomba
Atômica?
Nuclear?
H?
I?
J, K, L, M?
Z?
Não.
Uma bomba de mediocridades
Apatias
Afasias
Sem nostalgias
O mundo é um enorme amontoado de quinquilharias
Um belo engodo à propriedade de si
Toda a exportação da potência
Cambiada por stress
Desgosto
Melancolia
E tudo isto que sinto no meu peito
Essa deve ser a origem da dor no meu peito
A ausência de amor
Amor real
Marginal
Rebelde
Rápido
Intenso
Pretenso
Sem pretender ser eterno
Apenas interno
Amor-paixão
Paixão de vida
Vida
Pulsão primaveril
Vida
Minha vida
Meu amor
Amor meu
Amor de mim
Ter a mim
Ao menos ter-me
Sem pretender ir mais longe do que posso olhar
Porém sem esperar morrer onde agora estou
Sem falecer como quem agora mal sei quem sou
Para, assim, poder me despedir
Da dor no meu peito ou deste céu azul
“Goodbye blue Sky, goodbye”
Soava a vitrola
Soava a vitória
Pedia-se esmola
Pedia-se por vida
Mas ela já havia fugido
Fugido de um mundo como este
Evadindo-se deste putrefato mundo
Juntamente com os deuses
Furtaram-se daqui, pois agora...
O mundo é um incomensurável amontoado de inutilidades.
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