Aos anjos de Augusto
Mata tua quimera, sê tua própria pantera
Toma-te e acenda-te, fuma-te como um cigarro
Vomita tua ânsia e cospe o medo num escarro
Não sê deus, sê fera e medra-te como hera
A mão que acalma é a mesma que laça
Então, desvia dessa mão dócil que te adula
Apedreja a boca muda que ainda a ti oscula
Faz, assim, da tua máxima ira a tua maça
Se te deixas morrer de modo afável,
Sem nem te debateres contra a sentença,
És, até os ossos, um homem miserável
Por mais que te seja o fim inevitável,
Não crê ser tua existência uma doença
Pois tua vida é uma criação infatigável
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