Dia cinza
Nem abri as janelas hoje.
Nem olhei por entre as cortinas.
Não sei qual a cor do céu,
Nem se sob ele sopram brisas finas.
Mas a saudade que ancora em mim
É praia deserta e longa, assim,
De manhã antecedida de ressaca
Em noite de lua cheia.
Em noite de lua cheia.
Escuto vento uivar e arrastar consigo
Pequenas alegrias e a areia
Pequenas alegrias e a areia
À beira-mar...
Ah o mar!
Esse mar em teu olhar que só tenho
Na memória e na companhia da distância.
Na memória e na companhia da distância.
E é essa distância que me sopra
Saudade nas praias da lembrança.
E com pujança
Agita meu ser,
Esconde meu céu,
Agita meu ser,
Esconde meu céu,
Arrasta meu sol
Para longe de todo olhar.
Para longe de todo olhar.
Nem sei como está o dia lá fora,
Para além das janelas.
Não abri as janelas até agora,
Mas em minhas íris, nelas,
Janela a dentro – um dia cinza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário