nota em bloco
e me doíam as juntas e me angustiava por trás dos olhos minha
miséria e me enchia até o fundo da cabeça a ansiedade e me recobria uma tristeza
a vagar sobre a pele e me ardiam os ossos e crepitavam os ouvidos cegos a
língua mouca o nariz que já não podia mais deleitar-se com pessoa. e nada era extasia
gozo jubilo queda e redenção morte e ressurreição salto em queda livre e
mergulho num mar de regozijo cinza até qu’eu pusesse tocar um velho vinil de sérgio
sampaio. ah sérigio. sacaste-me tu com teus nobres versos deste abismo de não
poder amar minha dor minha miséria meu vazio meu fado de hoje. ah sérgio. devolveste-me
o riso que aprendi a construir e o risco que aprendi a correr e o rico olhar para
vida. ah sampaio. devolveste-me o ânimo para dançar meu fado favorito. sim sérgio.
foi ela. pela janela. foi ela e ela não é pessoa. ela não é que tua música. foi
ela que me invadiu o corpo. foi ela quem jogou meus versos de estimação pela
janela. foi ela. foi ela. ela é a fera. ela é a bela. melancolia? palavras dizem
nada. foi ela. foi ela quem me jogou pela janela. fora. fora. dei. dei o fora. o
fora pela janela.
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