segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Da escuridade

    Sou uma figura escura
                    — irrelevante perguntar-se pela cor de minha pele,
                dispensável associar cores e valores como ‘bem’ e ‘mal’ —;
        as cortinas em meu quarto são escuras,
            as roupas em meu armário são escuras,
                escuras também são as palavras em minha boca;
        meus olhos são escuros,
            meus beijos são escuros,
                meus desejos também o são;
        escuro é meu amor,
            escura é minha saudade
                e até minha alegria é escura.
    Uma vida escura
        e contente nessa escuridade
            quase impossível de adjetivar.

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