(a)
Já não sei que dizer dos amores que não a dois,
porém meu amour fou,
ele me diz – e muito explicitamente:
podes apaixonar-te duplamente
ao
mesmíssimo
tempo,
paixões mais que justapostas
e sem se sobreporem.
Como te chamas?
— Pergunto a meu corpo
possesso de paixão.
Meu nome é Legião, sou e não sou só um
— Respondem-me de dentro —
Em teu corpo habitam as paixões doutros tempos
e a paixão
sem tempo do presente
– as paixões ao mais imaterial e,
a la vez,
ao mais carnal dos corpos.
(b)
Já não sei da pluralidade
e diversidade
de meu amor,
porém, meu amour fou
(insensato e destemperado)
lembra-me que posso ser legião apaixonada
– por ti
e teus olhos cegos que cegam
e por ti
e tua boca cerrada que me encerra...
(c)
meus
nos lábios teus
teu cheiro
em meu pescoço inteiro
o perfume de minhas palavras em tuas
nuas
formas e formosuras
teu charme
em meu desarme
quase juvenil,
demasiado juvenil
toco tuas imagens gravadas em bits
e os beats
– de meu coração
aceleram
seduzidos por teu gosto
eu gosto