Feixe de Prazer
(I) Um nó no meio do fio que impede o fluxo
Um ponto de vontade que reluta em ver-se
imerso no todo que força-o contra o seu anelo
– Poderosamente retumbante!
Golpes de martelo ou panos de veludo não são a lei,
mas fazem-na, delimitam-na, urram-na!
(II) Um tom na aquarela de matizes
Como a dança de notas de uma orquestra,
os incontáveis pontos involuntariamente brotados do que não-se-pensou
sibilam, aprazem-se entre si, para-si, aí!
Esse isso, que se pensa e se engole seco, tal qual a nuvem, que,
por mais que se nomeie, que se prenda, não se fixa aqui, ali, nem acolá!
(III) Binarismo sobrepujado na potência do ser
Horizonte infinitamente plural por cima do zero e um
mastigando a ordem, pisando no progresso, no regresso,
na máxima, e por que não, na mínima
Sem nem sempre fazer o mesmo movimento,
mas gerando quase sem querer forma do todo!
(IV) Beijo de boa-noite n’alma
Na certeza, o eu que se aniquila na marcha no sentido do refluxo,
na labuta que se multiplica num ciclo vicioso, a qual não se quer escapar
e que ao fim já se quer beijar
Bem como a mancha por sobre a manta que vela a santa
o meio no seio do teu meu que se mata aqui, ali, acolá!