domingo, 28 de junho de 2009

Do abismo escuro...

Feixe de Prazer

(I) Um nó no meio do fio que impede o fluxo


Um ponto de vontade que reluta em ver-se
imerso no todo que força-o contra o seu anelo
– Poderosamente retumbante!

Golpes de martelo ou panos de veludo não são a lei,
mas fazem-na, delimitam-na, urram-na!

(II) Um tom na aquarela de matizes


Como a dança de notas de uma orquestra,
os incontáveis pontos involuntariamente brotados do que não-se-pensou
sibilam, aprazem-se entre si, para-si, aí!

Esse isso, que se pensa e se engole seco, tal qual a nuvem, que,
por mais que se nomeie, que se prenda, não se fixa aqui, ali, nem acolá!

(III) Binarismo sobrepujado na potência do ser


Horizonte infinitamente plural por cima do zero e um
mastigando a ordem, pisando no progresso, no regresso,
na máxima, e por que não, na mínima

Sem nem sempre fazer o mesmo movimento,
mas gerando quase sem querer forma do todo!

(IV) Beijo de boa-noite n’alma


Na certeza, o eu que se aniquila na marcha no sentido do refluxo,
na labuta que se multiplica num ciclo vicioso, a qual não se quer escapar
e que ao fim já se quer beijar

Bem como a mancha por sobre a manta que vela a santa
o meio no seio do teu meu que se mata aqui, ali, acolá!


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