Sabiá
Sento-me num banco;
O tempo me agrada;
O local me apraz.
Um sabiá manco
Saltita na estrada
Com a brisa logo atrás.
Aspiro profundamente.
Sugo perfumes, aromas
E memórias ao vento.
Misturo-os na mente
E tu então me tomas
De assalto o pensamento.
O cheiro tão doce
E quente dos cabelos
Teus me embriaga.
Mas acordo, como fosse
De um sonho, pelos
Pios do bicho que vaga
Sob meus pés a chilrar.
Ele me saca sem aviso
Deste devaneio lento
Em que te sinto no ar;
Deixa-me apenas o sorriso
De te ter por um momento.
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