Rio-poema
Palavras na estante,
Palavras estanques.
Ponho-as a correr,
faço-as afluir,
rio-as em
frase-córrego.
Mas as palavras
são pedregosas,
sintáticas.
Encalham nas curvas das frases,
amontoam-se umas sobre as outras
nos pontos e vírgulas,
atolam em gramáticas,
param de correr
e viram poça.
E palavra parada,
empoçada,
prolifera mosquito
verborrágico.
Frase-sem-poça,
frase-sempre-rio
é cristalina sem cristalizar,
ou turva sem decantar.
Frase-sem-poça,
frase-sempre-rio
é rio-poema.
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