Eis o obsceno: a sensibilidade
(e ainda a beleza) sem rugosidade,
lisa, lisa, lisa — de ambos os lados!
Um lago congelado,
um coração de vidro:
(e ainda a beleza) sem rugosidade,
lisa, lisa, lisa — de ambos os lados!
Um lago congelado,
um coração de vidro:
duro, transparente e frágil.
Sem pudor, sem poder e sem pedir
escancara e dissimula tudo e todos
ao olhar ressequido
que já não pisca,
à boca seca
que já não saliva,
à barriga — flácida ou dura —
que já não consegue comer.
Eis o obsceno: a sensibilidade
mal-educadal
e sem fastio.