Vida indigna
O ônibus nem é tão lotado
O salário nem é tão minguado
O trabalho nem é tão alienado
O sono nem é tão pouco
O amor nem é tão amargo
O horário nem é tão ruim
O almoço nem é tão insosso
O quarto nem é tão pequeno
O tecido nem é tão roto
O tênis nem é tão velho
O corpo nem é tão dolorido
O cérebro nem é exausto
O pão nem é tão caro
O caminho nem é tão longo
Mas a vida ainda segue indigna,
Exalando miséria,
A alma ainda vive a dor do não realizado,
Da felicidade parca
E da paz impossível
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