terça-feira, 20 de março de 2018

Os seres e as coisas


...dez anos depois (3)

o ser-vivo continua coisificado,
a coisa continua a ser-mais-que-viva,
amamos objetos
e nos pomos a vender.

no mercado de conceito:
o eu-perfeito,
o ego-direito,
o desejo de ser sem defeito
ou com o defeito eleito;
liberdade e diversidade à venda,
(nos olhos a venda?)
fazendo-nos esquecer de nosso próprio fim.

o ser-humano, mera peça
objetos valem vidas
(especialmente se nas lojas tiverem bom preço),
nosso suor não vale mais que migalha,
nossa energia, trocada por tralhas.

ser-humano-coisa x objeto-deus
quando foi que isso se deu?
quando foi que você se vendeu?
quando a gente se rendeu?

o ser-humano nas prateleiras das agências de emprego,
filas de um abatedouro empresarial
(nada mais banal).

o ser-sem-vida, posto no altar.
idolatrar?
bora lá?
abortar singularidades
e pôr marcas e etiquetas em seu lugar?
trocar a ética ou ideais
por enlatados virtuais?





Nenhum comentário: