sábado, 3 de março de 2018

paradoxo amical

ontem

quando te vi
quando me viste
quando tu sorriste
quando nos abraçamos
foi como se o tempo já não importasse
e importasse muito
o tempo e a distância fundiram-se numa alegria vívida de uma saudade satisfeita
e nesse momento sublime
o tempo parecia
estranhamente
ao mesmo tempo
já não fazer diferença
pois era como se eu te houvesse visto a tão pouco tempo
anteontem talvez
falamo-nos
e olhamo-nos
e rimo-nos como fosse anteontem a última vez que nos falamos e olhamos e sorrimos
o tempo importava tanto
e importava tão pouco
um paradoxo
sim
um paradoxo
mas
eu sentia que era nada mais
nada menos
que amor
um doce amor louco
de quem se ama silente num olhar trocado
num sorriso roubado
num abraço apertado de despedida
para outro hiato de sabes lá quanto tempo
porém
ontem
isso não importava
certamente não
absolutamente
o presente
nós
presentes um ao outro
um na companhia do outro
nós
um presente cuja sensação ainda sibila sobre minha pele
ainda perfuma meus olhos
ainda cintila em meus ouvidos
nós
sussurrado encontro
que
ainda que fosse o último de uma vida
seria o primeiro duma eternidade
eternidade dum momento que valeria a uma viva ser vivida
de novo
e de novo
e de novo
e...


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