quinta-feira, 30 de dezembro de 2021
Meio soneto // nota de amor
sábado, 25 de dezembro de 2021
Tuas viagens
quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
Caro professor
segunda-feira, 8 de novembro de 2021
sueño
sábado, 6 de novembro de 2021
Es decir
sexta-feira, 22 de outubro de 2021
barbárie
(i)
quali da de
da quilo
que
é
bárbaro
quanti da de
do
que
é bar
bar
i da de
intensi da de
de
quem
é bárbara
barbárie
bar
i és
(ii)
estrang
eira
beira
desumana
qual i da de
do
que és
(iii)
ah,
b a r b á r
ah,
i e
naquele
dia
chovia
chovia chovia chovia chovia
c
h o v i a
c h o v i a
chovia
depois
de ti
(chovias)
naquele
que
(depois
de ti)
sem
ti
chovia
em
mim
emoção
que nem sabia
ainda
aguava
em mim
tempestade
duma
horda
placidamente
ansiosa
chovia
me
conheces ?
(chovia)
não
me conheces pas du tout
(il pleuvai)
// para
nada
(llovía)
// per
res
(plovia)
(iv)
a.
b.
b.
bb.
bbb.
ba.
babaaba.
b.
b.
.
terça-feira, 18 de maio de 2021
Versos roubados de um mago vindo de Ur
segunda-feira, 17 de maio de 2021
claro.
quinta-feira, 15 de abril de 2021
Versos roubados de um mago vindo de Ur
quarta-feira, 14 de abril de 2021
Canción
Cecília Meireles
segunda-feira, 5 de abril de 2021
Versos roubados de um mago vindo de Ur
terça-feira, 30 de março de 2021
quinta-feira, 25 de março de 2021
Do milagre
quarta-feira, 24 de março de 2021
El Río
segunda-feira, 22 de março de 2021
Esses
sexta-feira, 19 de março de 2021
Variações do mesmo poema
quinta-feira, 18 de março de 2021
Tis
quarta-feira, 17 de março de 2021
As Canções Mais Curtas...
sexta-feira, 12 de março de 2021
quinta-feira, 11 de março de 2021
La vie, ella est douleur
quarta-feira, 3 de março de 2021
Wintervierno
segunda-feira, 1 de março de 2021
Tes yeux
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021
Eros y Tánatos
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021
Da escuridade
— irrelevante perguntar-se pela cor de minha pele,
dispensável associar cores e valores como ‘bem’ e ‘mal’ —;
as cortinas em meu quarto são escuras,
as roupas em meu armário são escuras,
escuras também são as palavras em minha boca;
meus olhos são escuros,
meus beijos são escuros,
meus desejos também o são;
escuro é meu amor,
escura é minha saudade
e até minha alegria é escura.
Uma vida escura
e contente nessa escuridade
quase impossível de adjetivar.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021
Máquina de dessonetos
.1
Ouvi repetidas vezes que as máquinas maquinam malevolamente
mas conheci outra máquina — que produz movimento
e transforma a forma
Reconheci que só sei pensar através da máquina — e sem qualquer mecânica
meus pensamentos aracnados vão se agarrando
dependurados
móveis e bailarinos
formando uma jangada de palavras
um navio pirata de imagens
um sitar de conceitos
uma máquina de gerar mundos
de compartilhá-lo
de comungar-se nele
.2
e levo
digo
são trazidos
e levados
muito mais que palavras
Risco sobre a página
e transformo tinta
papel
e pulso em uma máquina de polinizadora de não-sei-ainda-o-quê
Penso à máquina
humanamente...
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021
Quartel livre
quarta-feira, 20 de janeiro de 2021
Historietas modernas
A mulher louca — Não ouvistes falar daquela mulher louca que em plena manhã acendeu uma lanterna, correu ao shopping e pôs-se a gritar incessantemente “Procuro o Cupido! Procuro o Cupido!”? E como lá se encontravam muitos daqueles que não criam em cupidos e noutros demônios, ela despertou com isso uma grande gargalhada geral. “Então ele está perdido?” — perguntou um deles. “Ele se perdeu como um bebê, um querubim?” — disse um outro. “Está se escondendo? Ele tem medo de nós? Embarcou numa nau de insensatos? Exilou-se?” — gritavam e riam uns para os outros. A mulher louca lançou-se para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. “Para onde foi o Cupido?” — gritou ela — “Já vos direi! Nós o matamos – vós e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar do amor? Quem nos deu a borracha para apagar os céus? Que fizemos nós, ao desatar a Terra de universo infinito? Para onde se move ela agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sonhos? Nós caímos continuamente de nós mesmos? Para trás, para os lados, para frente, em todas as direções? Existe ainda ‘dentro’ e ‘fora’? Não vagamos como que através de um finito ilimitado? Não sentimos na pele o sopro do vácuo e no coração o peso do mundo inteiro? Não se tornou mais frio? Não anoitece eternamente? Não temos que acender lanternas de manhã? Não ouvimos barulho dos coveiros a enterrar o Cupido? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? Também os deuses apodrecem! O Cupido está morto! O Cupido segue morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós, assassino entre os assassinos? O mais antigo e o mais sagrado que o mundo até então possuía sangrou inteiro sobre os nossos punhais. Quem nos limpará este sangue? Com que água poderíamos nos lavar? Que rituais expiatórios, que jogos sagrados teremos de inventar? A grandeza deste ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos, então, tornarmo-nos deuses para ao menos parecer dignos deste ato? Nunca houve um ato maior e quem vier depois de nós pertencerá, por causa deste ato, há uma história mais individualizada e internalizada que toda a história até então!”. Nesse momento silenciou a mulher louca e novamente olhou para seus ouvintes. Também eles ficaram em silêncio olhando espantados para ela. “Eu venho cedo demais.” — diz então — “Não é ainda meu tempo. Não chegou aos olhos dos humanos esse acontecimento. Seria eu um trovão a que anuncia o próprio relâmpago? Poderia o ribombo do corisco lhe anteceder? Chego tarde demais, então? Chego quando já não há mais tempo nem espaço, nem fragmento de memória para recordar do que um dia foi Cupido? Venho quando, sobre as ruínas de seus templos, já se ergueram arranha-céus de esquecimento?”. Levada para fora e interrogada, limitava-se a responder: “O que são ainda os sonetos e as tragédias gregas, senão réquiens a Eros? O que são os museus de arte, senão os mausoléus e túmulos de Cupido?”.