Um transbordo cenestésico de felicidade
Teve a sensação de que deveria correr. Uma alegria intensa percorreu seu corpo e ele percebeu ela instalar-se em seu peito e tornar-se felicidade.
Em sua mente visualizou-a medrar-se até ser insustentável à passividade, não tinha forças para contê-la. Ela escorria-lhe às orelhas, vaza-lhe por entre os dedos, produzira em sua face o sorriso. Não um sorriso comum, mas sim um sorriso vivo, um sorriso que exalava paixão e prazer.
Em seus olhos reluzia tanto sentimento, era ofuscante tamanha a sensação.
Tudo ali em si, tão intenso que mal podia conter tinha de reter aquilo para que lhe dura-se a vida toda.
Para que lhe durasse mais alguns dias, minutos… Ou segundos que fossem.
Tentou caixas de vários tamanhos, frascos de várias formas. Buscou diversos recipientes para armazenar m pouco daquilo. Inútil. Totalmente inútil.
Por fim correu até o lago. Lá onde tudo havia iniciado. Olhou para lâmina sem fim de água que cortava, como uma obsidiana, perpendicularmente o horizonte. Viu o sol manchar a água do lago com um dourado ímpar, já mais vira tal coisa. O sol tocava até sua alma e misturava-se à púrpura felicidade no seu peito.
Admirando a paisagem, abaixou-se, encostou as pernas junto ao peito e passou os braços dando um amplexo pela frente das pernas, suspirou e, por fim, deixou-se ali. Permaneceu, assim, abraçado com sua felicidade. Sem nem sentir as horas passarem, sem nem perceber que morria um pouco mais a cada badalada do relógio, a cada sopro do vento. Mas o que havia em seu peito, o que ele podia sentir ali – Aquela emoção sublime – fê-lo esquecer de tudo mais.
Só quis ficar ali, parado, ele e sua felicidade.
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