sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Meu coração bate em mim

meu coração bate
em mim
escrevo, escrevo, escrevo
escrevo, escrevo,
escrevo;
escrever me deleita
tanto quanto me
doi
me doi;
escrevo, escrevo, escrevo
escrevo, escrevo,
escrevo;
as palavras palpitam,
dizem-me o que fazer,
as palavras palpitam como meu coração que bate
em mim;
ansioso 
— ele, 
não eu —
escrevo,
escrevo, escrevo,
escrevo, escrevo, escrevo;
escrevo, risco,
risco, risco, risco, ri
s
co, 
risco para fugir
da vida ao meu redor
para fingir a vida ao meu redor
que sufoca
—a mim?
não, senhor! 
sufoca a vida,
sufoca, sobretudo,
a vida que já vive na beira da existência
)existências mínimas(
—as veis?—
mas que seguem;
e seguem sufocadas por essa bizarra saúde orgulhosa,
morbida e predadora de sorrisos...
e meu coração segue batendo
em mim.

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