Os primeiros humanos, um dia, juntaram-se e perguntaram às divindades:
— Que diabos, afinal, é o ser humano?
As divindades, por sua vez, fizeram um congresso e, ao final de um instante divino (e, pois, eras humanas), responderam uníssonas:
— É foda!
Pelo carácter enigmático da resposta, os humanos se apartaram em dois bandos. Um, evidentemente guiado por homens brancos, assaz crentes em entidades barbadas, de ternos e dedos em riste, sempre bem científicos e sensatos, interpretavam que “foda” queria dizer “esplêndido”, “óptimo”, que se tratava de um signo da ditosa face do homem capaz de tudo. O outro bando, que cultuava as crianças e as mulheres negras e, portanto, mais esperto, via a dureza daquele oráculo, pois vivera, entrementes esperava pela resposta, a verdade dessa face humana, as misérias que produz o tal “homenzinho aí”.
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