Pese embora a amarga
frustração,
há em caminhar por essa ci
dade
— nas largas avingudes,
nas callejuelas de Raval —
algo de poético,
quase onírico,
(...idílico...)
— digo,
de minhas vãs imagens soniais.
Caminhar por aqui e ver
as folhas secas dos bordos caírem e ver
as fachadas larga de pés-direitos altos dos antigos prédios e ver
as entradas esvaziadas do metrô e ver
as pessoas tomando sol nos bancos enquanto conversam e ver
os pombos e as gaivotas passarem voando e ver
os cães levando seus donos a passear e ver
a mim mesmo
(....a parte que vejo de mim e
a parte de mim que imagino....) e ver
que toda essa poesia,
pese embora minha frustração
(...e minha melancolia...),
segue sendo-me bela e miserável
— digo,
é espelho da miséria em mim,
esse que consegue aprazer-se
aí
como isso
por isso
nisso
enquanto,
para uns, o mundo
colapsa,
enquanto,
para outros, o mundo
vai mui-bem-obrigado;
as pessoas morrem
por fome,
por sede,
por doença,
por razão e por sua carência,
por estupidez do homem e
por sua indecênciae
outras vivem (...bem...) por tudo isso
com tudo isso
em tão pouco.
Por estupidez do homem e
por sua indecência
(....do homem que também sou...)
as pessoas morrem e eu sigo
nisso
capaz de prazer-me
como essa paisagem;
caminhar
em minha so
lidão,
enamorado
de minha insó
lita so
lit
ude
e como sempre mi
ser
ável em ca
da a
tit
ude.
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