quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Um carta...


Em defesa de um língua que não que ser defendida

As rimas ficaram pobres
Ou simplesmente mais simples
Não sei se nos agradecem
Ou se nos entristecem

Terminam todas em “ir”
Em “er” e “or”, no “ar”
Todas na falta do perfeito
Na grandeza do defeito
A esquerda do devir
Na dubiedade do estar

Ah, pobres rimas ricas
Na sarjeta da língua vulgar
Ao léu da fala popular
Estarrecida, esquecida,
Culta, oculta, insulta
Prepotência obstinada

Não mais irei
Eu vou ir
Não mais sorrirei
Eu vou sorrir
E tu? Tu não existirás mais
Você vai existir

Estes problemas
Viram esses, esse,
Ou aquele, não sei
Não sei se isso a entristece
Ou se isso alegra ela

Talvez estejamos – não, estejamos não

Talvez a gente esteja lutando em uma batalha vencida
Talvez em prol de uma causa perdida
Talvez, talvez, mais uma vez...
Em defesa de um língua que não que ser defendida

Na companhia de...

Eu e somente eu

A solidão é meu único verdadeiro amor
E tanta paixão dilacera minha carne
Pouco a pouco o desabrochar da dor
A repentina traição da própria mente

Sorte no jogo azar no amor
E se o amor for um jogo?
Não sobram muitas diferenças
Entre o belo e o lodo
Só resta o eterno retorno
Um instantâneo consolo



Com o sentimento de poder como guia
E o que de tão belo parece artificial
E o que é, brinca de ser faz-de-conta
E a mais pura fantasia se confunde com o real

Minha maldição sem fim é amar sem jamais
Ser capaz de saber como fazer-lo
Um instante se move e se retorce
O continuo contorcionismo do desespero

A sensação mais obscena entra em cena
Todo o medo se esvai no vem e vai
De uma confusão sutil que se repete
Na convulsão da mente que se trai

Sorte no jogo azar no amor
E se o amor for um jogo?
Não sobram muitas chances
Pra se sair do posso de piche
Só resta o eterno fetiche
De um decrépito Liche