terça-feira, 31 de outubro de 2023

Vitalismo poético, parte 2

 Da morte (1)

A morte,
    há quem o diga,
    é o fim dos milagres
    é santa, portanto.

É, no entanto,
    o fim que dá contorno.

O contorno não é só o limite,
    que cinge, encerra,
    que detém o que erra 
    que agarra e laça
    e prende o que passa.

O contorno define e,
    ao definir,
    faz ser
    e vida sem fim não é, 
    nada é.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Vitalismo poético, parte 1

Da vida 

A vida é um milagre.
    a flor que desabrocha;
    a semente que brota;
    o verde limo sobre a rocha;
    o verme que se retorce n’água suja da grota;

A vida é um milagre.
    a mão que costura,
    que corta, perfura,
    que colhe a fruta já madura
    que acaricia e segura
    em seu colo o rebento,
    cujo choro se perde
    entre o sem fim de estrelas de um universo poeirento.

A vida, pois, é um milagre, 
    mas não um milagre de deus.
A vida é um milagre – ateu!