quarta-feira, 28 de março de 2012

Sein-Architekt


Keine Bipolarität
(Nenhuma bipolaridade)

O seu labor não é mais seu
E o seu corpo esquartejado se perdeu

De você, como cada uma das partes,
De sua vida, que agora é várias metades

A bipolaridade, a alienação
Os compartimentos, a técnica: sim-não

O seu amor não é mais seu
Está gravado num corpo que morreu

E você já não sabe mais
O que lhe fez desistir das coisas mais banais



No peito...


uma camisa branca tingida a sangue, suor & lágrimas

vontade de chorar desesperadamente
exaustivamente até que a última lágrima se ponha & com ela o que resta da vida em meu peito

vontade de berrar intensamente
incessantemente até que meu fôlego se vá com o restante de amor em meu coração

vontade de potência insustentavelmente 
impotente & incessante que leva embora o que resta de certeza, desejo, gozo & paixão em mim


Muito sobre:


Nix – Nihil – Nada

O tempo passa
Os braços cansam
A voz já é fraca
Os pés já não dançam

O peito já não é
Mais de ferro
Silêncio sufoca
O antigo berro

O mente já se esquece
Esquece que é
Esquece que pensa, que pode
Esquece-se de ser

Outra coisa que não isso
Que não medo
Que não omisso
Que não o que agora é

Eu lhe pergunto:
“E agora, José?"

Olhos inchados
Futuro e melhora
Já nem são sonhados
Não há amanhã nem agora

O vazio invade
O coração marcado
A esperança
Agora já é passado

Tudo que sobrou
Foi o conformismo,
O consumismo,
E o nada

Sem mais valor
Uma vida sombria
Um átomo átono
Um eu falecido

E a pergunta é:
"E agora José?"

Dum jeito vago e obsceno:


Três considerações sobre uns e vários

para a morte de uns chame assassinato
para a morte de vários chame política de estado
para a palavra de uns chame insanidade
para a palavra de vários chame verdade
para a correção de uns chame penitenciária
para a correção de vários chame escola primária

e a vida... a vida não para


terça-feira, 27 de março de 2012

Um quase-soneto V:


Sr. Soi & a Fobofobia

Fobobobia, ou medo do medo,
a maestria do século XXI
cuidadosamente atravessada
no coração de cada um

meticulosamente enraizada
em cada fio de cabelo
garantindo segurança
e brotando em cada pesadelo

um quase quase sempre presente
um presente que não se quer abrir
com uma furtividade de serpente
no presente marca o medo do por vir
o medo medra medo iminente


terça-feira, 20 de março de 2012

Freu(n)d?

Um ou vários lobos?

Um ou vários lobos?
Quantos lobos você pode ouvir falar?
Quantos lobos você pode ouvir uivar?
Quantos lobos você pode ver?
Quantos lobos de verdade?
Um ou vários loucos?
Quantos o cara no divã lhe deixar engolir?
Quantos são na realidade?
Uma múltipla incontinuidade:
Intensa animalidade
– você – a se redimir