sexta-feira, 27 de abril de 2012

L'expérimentation: Avec moi...


Pourquoi

Por que procrastinar o começo?
Por que prolongar o fim?
Se o meio é inevitável berço
Duma velocidade sem fim?



quinta-feira, 26 de abril de 2012

L'expérimentation:


Pourquoi 2

Pourquoi
Mourais tu,
Solitude,
Avec moi?

Pourquoi
Meurt tou(t),
Solitude,
Avec moi?


terça-feira, 17 de abril de 2012

Difíceis peripécias dum...


Coração nômade

Ah, como é difícil
Abandonar todo um edifício
Construído tão sozinho!

Ah, como é dolorido
Apagar todo um colorido
Para pintar outro caminho!

Ah, como é duro
Arrancar no sólido escuro
As raízes do azevinho!

Ah, amor que não quer deixar
A deixa, que não quer chegar,
Deixa ir esse canarinho!

Pois, coração nômade não faz ninho...


Sou escombro e ruína...



Da Verdade Clandestina


E aquelas palavras não eram palavras quaisquer,
Não eram para qualquer pessoa,
Não eram calmaria, feito lagoa.
Eram como um mar:
Batendo contras pedras, fazendo se arrebentar
Tudo aquilo que seguro e firme estiver,
E assim pretender ficar.
Como um lobo selvagem,
Como um ladrão na surdina,
Não por falta de coragem,
Mas por ser uma verdade, uma Verdade Clandestina...


Quase um romance russo:


O tanso

"Me lanço
Ou descanso?"
De perguntar não me canso,
Mas manso,
Aquieto o ranço
E aquento o pianço
De quem morrerá tanso.


Banhando no lodo do...


O engodo

Cri-me fora desse lugar,
Mas esse lugar jamais havia me abandonado.
Diferente do que se pode pensar,
Um treino desses dificilmente sairá do seu lado.

E as portas que vi(vi)
Eram mais de entrada que de saída.
Fui entrando e me esqueci
De como são as coisas, de como é a vida...



Assino a sina:


Morrer todo dia

Viver me mata,
Mata, também, a rotina,
Mata a ingrata
Repetição da sina:
Morrer todo dia


terça-feira, 3 de abril de 2012

Um manifesto

Da poesia-transgressão (à poesia-cortesã)


O que outrora foi faca no coração do rei,
Foi flecha no joelho dum cavaleiro,
Hoje é signo de doutos, legem Dei,
Linhas de cristalização do náufrago veleiro...

O que outrora foi espada de lâmina afiada
Foi aríete como máquina de irrupção,
Hoje ara a terra, enseja a fixa morada.
Dessa feita, onde está a poesia-transgressão?

"No casamento, o Didi
teve lua-de-fel:
A noiva era um travesti
tipo gilete, e cruel!"

"Foi o ancião pedir milagra
ao Bispo de Iguaçu.
Chegou lá de pica mole,
voltou com tesão no cu..."

"Meu cu tem tanto cabelo
que até parece papoula.
Por mias que evite fazê-lo,
suja de merda a ceroula."

Não se trata do cenário escatológico
Nem sequer da palavra chula,
Mas do perigo ontológico,
Do incômodo ético que a trova inocula

A verdade a ver navios
Jamais verá outra vez
Os portos & os rios
Com certeza com que fez

Enquanto carregou consigo
Todo peso do dever
Jamais poderia sair do umbigo
& lançar-se à louca lucidez

Assim,
Sem propriamente um caminho
Falo a mim:
Como guiar esse redemoinho,
Sem por ele ser tragado
Sem ter que dançar de braços abertos,
Corpo nu & olhos fechados?



segunda-feira, 2 de abril de 2012

Na calada noite, eu sussurro...

Meu monologo sem pé

A luz me irrita.
A sombra me irrita.
O barulho me irrita.
A rua me irrita.
Assim como a calçada
E toda a roupa passada.

Irrito-me a esmo.

Irrita-me o carro.
Irrita-me o barro.
Irritam-me as pessoas,
"más" ou "boas".
Irrita-me o prédio.
Irrita-me o tédio.

Assim, irritando a mim mesmo
Sigo feliz crendo na salvação,
Ou então
Em um dia acostumar-me à irritação.