quarta-feira, 29 de setembro de 2010

À luz de...

Apolos & Apologias

I. Apologias que apodrecem

Golpes de línguas afiadas que cortam as faces
Desferindo & ferindo em sequências edaces
Golpes que nos rouba a paz
& tudo que eu soube dizer foram desculpas & mais desculpas

II. Vísceras que aparecem

& o asco que me toma & no interior emaranha,
Pulula & resultar em intenso golfo,
Onde ponho para fora minha entranha
Em suas minúcias & seu mofo

III. Ascos que crescem

& mesmo a cria destas entranhas fétidas me enoja
& mesmo o sepulcro dela me enoja
& mesmo o mesmo me enjoa

IV. Fins que arrefecem

Então o que aprendi a fazer é prometer
& o que promete remete a mentir outra vez
& o remendo pode não mais suportar
& a cicatriz pode não mais sarar...
...
..
.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O fim das palavras sussurradas...

Aos ouvidos do ego

E quando palavras,
Das mais sinceras revelações,
Se fazem,
Escorrendo em fuga a ouvidos confiados,
São engolidas de modo abjeto por ouvidos em que no fundo
– atrás das respostas belas; além da atenção dos olhos –
Reside o ego,
Aguardando por cada oportunidade de espelhar-se nas letras,
Por cada chance de desenhar-se nas frases
& por cada instante de refletir-se nas sensações;
Por detrás de um ouvido amigo,
Assenta-se um eu narcisista,
Um tímpano imerso em intenso egoísmo,
Sedento por si... & nada mais
Tão vazio & cheio de si
Matando tudo que lhe foge de encher seu peito,
Assim é o fim das palavras sussurradas aos ouvidos do ego.


Peso &

Ecos de palavras não ditas

Uma palavra não dita
Pode cortar mais profundamente que qualquer metal (frio) jamais irá o-fender

Uma palavra não dita
Pode fazer verter as lágrimas mais pesadas que um coração possa supor-tar

E por vezes,
Corpo algum sustenta o peso sobre as costas
&, às vezes, as marcas são tão profundas
Que tempo algum pode apagá-las,
Substância alguma pode curá-las
& sentimento algum pode, ainda, atravessar a carne
De um corpo já atônito; moribundo.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

No desvio de algum rincão do universo...

Ausência & explosão de cores

E quando eu me esqueço de mim
É você quem me faz lembrar quanto é pulsante viver

E quando as pontes parecem rompidas
É sua pele que me faz ligar-me a um possível sim

Assim, vão se formando melodias.
Assim, as rimas vão para baixo e para cima.
Assim, os lábios se abrem e fecham
E o mundo expande e se distende ao infinito.

E as palavras se acabam
E os significados se refazem
E seu amor se amplia
E tudo vira fantasia

E por de trás de suas pupilas as cores cintilam,
Os desejos sibilam
E tudo mais é mero acontecimento
E tudo o mais não mais é o mesmo
Tudo novo
De novo
... Para todo sempre?
Par todo sempre?
Parto do sempre?

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Suspiros de um...

Coração enforcado

Sentimentos que atravessam feito bala
Um peito aberto por uma sincera fala
Um temor que envolve as mãos
Lia os pés, atravessa a garganta & enforca o coração
Fazendo lágrimas fluírem em direção a utopias circulares
Entre a falta de sisos e pré-molares
Martelos que golpeiam os cravos de amores e rancores
Num complexo de tensões & dores
Procelas de prosas ácidas & versos violentos
Olhares corrosivos & vidas em sucessivos cruzamentos
Entre fluxos rápidos, intensos erros, incontínuos conjuntos
& Incontidos conjuros desconjuntos

Uma situação localizada
Que descentraliza as reações
Põe obra despaginada
Em uma rede de relações

E tudo o que se quer não é monotonia
Oscila, sim, duma poligamia de sensações
A um prisma de indecisões em policotomia
Uma justa nobre de errantes dos corações