sexta-feira, 29 de junho de 2012

+ que um beijo

Desejo

"É difícil governar o que lhe escapa"
A frase me veio como um tapa!

Que eu não me escape mais de mim,
Que meu presente seja meu presente,
Que teu presente seja, enfim,
Mais que uma bela embalagem inolente.








[Um sampler de vários lobos]

Solitária mamba...


Corda bamba

Odeio seguir alguém,
Odeio ser seguido também
A mim já me basta o desafio
De conduzir a mim sobre o tênue fio:
Existir sem sufocar,
Enlouquecer sem pirar,
Estar sóbrio ao me embriagar.




quarta-feira, 27 de junho de 2012

Velhos versos finais, ao vento:


Cinco estrofes, cinco esquifes & um alento


I - Introdução em versos...

Da morte da poesia
Da domesticação do poeta
Dos suspiros que um dia
Foram palavras-seta!

II - Embotamento da poesia

A poesia se foi
Perdeu sua pulsão
Onanista, criativa, criminosa,
Sodomita, ativa, incestuosa...
A poesia se foi,
Não mais é sedição.

III - O poeta piedoso

O poeta,
Dum caçador de signos-selvagens,
Pedófilo de verdades-clandestinas,
Não passa, agora, dum pífio anacoreta
Repetidor de alegres bobagens,
Jogado às esquinas.

IV - O crime & a poesia

O crime não compensa, se aponta?
Menos ainda, digo eu, a poesia,
Pois, se algo o crime afronta,
Nos versos a afronta queda vazia.

V - A morte da poesia

Se então a poesia morreu,
Seu cadáver, insepulto, reclama.
Reclama um enterro digno ao seu corpo de lama.
A quem aos últimos suspiros do cadáver recorre
Ouve o ar vacilar e eliciar:
— O Caos nunca morre!




segunda-feira, 18 de junho de 2012

Naco de ventura


Da cultura

Não só a formiga cultiva a terra,
Também o faz aquele que erra.
O beduíno não cultua terra alguma
Para que solo algum o consuma.

Nenhuma terra lhe pertence
E só pertence a um chão,
O chão em que seus pés pisam
E o atrito que ele vence

Nômade também cultiva a terra,
Na medida em que por ela é cultivado
Pois, não se põem acima dela,
Estando, ambos, lado a lado

E nessa relação cultural
Ninguém = ninguém
Ninguém comanda ninguém
Sem relação cultual
Ninguém para sempre cultiva.
Cultiva para cada instante
Um intenso montante
Como se este fosse o último,
Como se ele fosse único...



Mais e mais...


Versos, provavelmente, imorais

Uns chamaram de Deus o acaso,
N'alma deram-lhe um lar
& encheram-no de intencionalidades,
Mas tudo tem seu ocaso
& agora, em seu lugar,
Quedam as tais probabilidades.



quarta-feira, 6 de junho de 2012

Um quase-soneto VI:

Sr. Soi & o Meio

No meio do caminho há uma pedra.
No meio do caminho: um rei.
A meio caminho de Passárgada
Abrigar meus inimigos irei.

Na terra das tais palmeiras,
Onde também há uma pedra
No meio do caminho, tenho de brigar
Pois, medo em mim não medra.

Rio dos reis
De qualquer ponta
E de suas fartas leis.
A mim pouco importa,
Pois o risco bate à porta.




[uma experiência sampler]