quarta-feira, 24 de junho de 2020

Poesia Roubada...

Carta de Amor

Todas as matérias escolares são
Ridículas.
Não seriam matérias escolares se não fossem
Ridículas.

Também estudei em meu tempo matérias escolares,
Como as outras,
Ridículas.

As matérias escolares, se há escola,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as coisas que nunca se tornaram
Matérias escolares
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que estudava
Sem dar por isso
Matérias escolares
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas matérias escolares
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os exercícios esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Quero acabar entre aulas, porque as amei na infância.
Os livros depois, desfolheio-os a frio.
Falem pouco, devagar.
Que eu não ouça, sobretudo com o pensamento.
O que quis? Tenho as mãos vazias,
Crispadas flebilmente sobre um caderno longínquo.
O que pensei? Tenho a boca seca, abstrata.
O que vivi? Era tão bom ir à escola.