sábado, 26 de junho de 2010

Parassonia:

Incubus & Succubus

Às vezes pesadelos assustam,
Às vezes pesadelos podem ser tão reais, tão presentes, tão verossimilhantes que perfuraram a pele, infiltram-se no sangue, percorrem o corpo & espalham-se por ele contaminando de medo cada célula, causando angústia profunda nos recônditos rincões d’alma, fazendo os músculos se contorcer em agonia & peito arder como se um metal frio & reluzente o crava-se, causando-lhe um dor pulsante

Às vezes os pesadelos nem se quer ocupam espaço entre as lembranças,
Às vezes um simples pesadelo pode marcar de tal forma que mil utopias não o apagam, nem sequer causam dano a sua integridade, nem sequer furtam-lhe em nada dos braços de Mnemosine
Às vezes um pesadelo pode mudar uma vida, pode ser-lhe ponto sem retorno, um nó cego, um pó que cega, um dó que nega, uma planta de medo que se rega, uma angústia que relega ao ser ad aeternum, um contorno em torno do que não deixa, não permite, apenas, demite-se a ser
Um laço lia, cinge e finge fim, um fio condutor, que fina & espessa as almas & harmonias, que delineia a face que sorri & chora, a maça que esmaga & deforma, o maço de notas que soa, e a moça que sua

E tudo aqui, talvez não passe de um pesadelo,
Talvez não passe do efeito de um pesadelo,
Talvez não passe de um talvez,
ou talvez nem seja
O que resta? Pesar o pesadelo e seu pesar?
Pensar no pensamento a se negar?
Ou negar aquilo que pesa ao pensamento?
Ou seria uma pena na mente?
Uma pena plúmbea sobre o peito, sobre a mente, sobremodo ao modo estável de ser..

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Uma homenagem:

Sobre Solidão, Folhas E O Mundo Que Não Vemos

Embaixo dos meu pés
Além do funcional
Um mundo inteiramente novo

Atrás dos olhos
Dentro do irreal
Um mundo além do ganhar e perder do jogo

Junta a você e sua solidão
Você verá no chão
Um mar de possibilidades
Novas realidades


Um novo ser, um novo ter,
Um novo ver, um novo estar,
Cantar, pular, viver, cheirar, gozar o ar!

Faísca de vida
Sob as árvores
De um mundo de desencanto

Pixel do universo
Sob olhar embriagado
Em um mundo já adoecido

Junto a você e seu conforto
Você verá no corpo

Um mar de possibilidades
Novas realidades

Um novo ser, um novo ter,
Um novo ver, um novo estar,
Cantar, pular, viver, cheirar, gozar o ar!



escrito dedicado a Carla F. Silva & Beli Lessa

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Em momentos soturnos pegunta-se:

Haverá um lugar paras utopias?

O Coração na Mão,
A Faca entre os Dentes,
O aperto no Peito
& os Versos Na mente

A Ânsia entre os Dedos
& os Olhos na Tela,
O Ar desce pesado
& A violência em Aquarela

Os Rabiscos num Papel,
As Palavras dançando no Ar
& o Vento sopra Vida
Nas Folhas a farfalhar

As Pinturas borradas,
As Imagens distorcidas,
Os Pensamentos inebriados
& as Lembranças perdidas

O Medo do Medo de não mais sentir,
O Medo de ter Certeza de não mais mentir
O Temor que treme as Bases & os Pilares
O Tremor que teme os imensos Mares

Haverá, sempre, um Lugar paras Utopias
Em cada Sonho meu, em minhas Fantasias,
Aqui, no meu Peito, aquecendo o meu Coração
Isolado numa Geleira de Razão

sexta-feira, 4 de junho de 2010

No papel puido rabicos de...

Uma figura de mim

Uma epizêuxe do meu próprio eu
nas paronomásia emersa no breu
Uma aliteração das ânsias pessoais
entre auxeses e lítotes salivais

Com pensamentos Anacolúticos
sem circunlóquios espasmódicos
nem anáforas do conhecimento padrão
Um antiácido às piroses da razão

Entre as catacreses das faculdades humanas
e o desbunde das mais profanas leneanas
nem tão vago que não possa ser definido
nem tão definido que não possa ser vago

Sobrescrito com figura de pensamento
inscrito com outra figura de construção
como o branco inseguro do jasmim
eis pós-escrito: Mais uma figura de mim.


terça-feira, 1 de junho de 2010

Nenhum traço reto, um pouco de molde e muita subjetividade...

Em Qualquer Coisa Sobre Liberdade

As vozes silenciadas dos anjos caídos
Os olhos famintos dos deuses falidos
A carne putrefata dos corpos nobres
Sobre eles, pilhas e pilhas de cobre

As vontades esvaziadas pela carne
Com estacas que perfuram no cerne
As flores que agora voltam a surgir
Esmagadas pela marcha das botas-zumbi

A bandeira é hasteada, seguida pelo hino em coro
Homenagem aos heróis coroados com louro
Novos nobres levantam-se em meio ao rebanho
Senhores transmutados, nova fé semeada, mesmo engano

Novos atores para a mesma peça
A promessa de outrora se faz escassa
As lágrimas cristalizadas novamente contornam
Os rostos pálidos, novos sonhos ali se formam

Os grilhões de ouro, agora, se tenta quebrar
Com as próprias asas o vôo se tenta alçar
Apolo está morto! Apolo está morto!
Dança-se e regozija-se sobre o corpo!

O louro é pisado, a flâmula rasgada e hino esquecido
Faz-se festa e alegria da vida e pó de todo bigorrilho
O meu valor é meu e só a mim o cabe, cá, ser
Teu valor é só teu e assim cada qual constrói um novo viver