sexta-feira, 26 de abril de 2013

Por aqui...


Meditabundo

Meditabundo sofro
sofrendo morro
morrendo vivo
- viva!


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Outro golpe no peito


Rejeito


O que não me mata me enrijece,
Dá-me nódulos nos dedos,
Calos nos pés,
Marcas na pele,
Envelhece a alma?


Mais uma queda:


Sem mais borboletas

A primavera deixou de vir
E com ela as borboletas também se foram
É com se o inverno tivesse
Se apossado do clima do meu coração
...outra vez mais


domingo, 14 de abril de 2013

Arte da coragem:


Decupagem

Um deleite
Um jorro
De leite
Um jogo            
De Irrupção
Feito concubino
Feito violação
Clandestino
Invasor
Evasivo
Transgressor
Esvazio
O peito cheio de amor
Arde
Mas cura
Ela queimadura
Mas o coração
Já dói não
Mais covarde


Monólogo a dois #2

L'étreinte

– Relaxa e goza
– Melhor não, ela é casada e isso é só um abraço casual...
– Que já dura vários minutos!
– Mas, ela chora no meu ombro!
– Relaxa e goza.
– Melhor não. Não aqui, todos verão.
– Inferno!
– Ela só quer meu verão.
– Mas é inverno!
– Não sei andar sobre o gelo. E se ele quebrar?
– Se quebrar me afogo no lago, pois não sei nadar.


Nota experimental...


Saudade

Bateu uma saudade
Dos 15, entende?
Não que os 23 sejam lápide,
Mas bateu uma saudade.
Daquelas paixonites
Bobas
De quem perde o reino
Pelo coração
– Mas que reino? –
De quem voa a imaginação
E sente os pés em ascensão
Daquelas paixonites
Tolas
Mortais
De quem não quer mais
Nada
E muito pouco importa
– Um rei satisfeito,
Um rei louco –
Era tanto e tão pouco
Etc. et al
Mas o tique-taque
Do relógio digital
Lembra-me de voltar
A trabalhar
Onde pra se apaixonar
Não dá,
Dá?


De repente:

Cabeça quente

Vermelho pulsante
Liso brilhante
De tensão
Tesão
Azul dilatado
Sangue azul
Nobre postura
Altivo
Ativo
Latente
Letal



Eles me seguem...


Olhos Famintos

As feras que eu quase ignoro
Parecem ver em meu olhar
A fome de quem as quer nuas

Os bichos que eu quase devoro
Parecem nem sentir o solar
Desejo que os segue pelas ruas

Como que pelo avesso
Sinto-me sentido
Percebo-me despercebido
Em meu apreço

Sou engolido pelo reflexo de olhos famintos
Que não sei se meus são
Ou por pura imaginação
Prendo-me em tais enclausuradores recintos


Correios de Nietzsche...

Carta a um inimigo


Olá,

Não é normal que eu lhe escreva, ainda mais para falar disto, porém gostaria de saber se você tem com quem falar sobre coisas pessoais. Alguém com quem desabafar? Imagino que Charles seja, para você, essa pessoa tão importante. Você tem conversado com ele?

Perdão, sei que é muito estranho estar lhe escrevendo esta carta, mas é que você tem andado tão distraído, meio impaciente e indeciso. Confuso como se você passasse por um conflito, algo grande e/ou profundo, que lhe tem tornado improdutivo. Como se houvesse sugado sua criatividade, dispersando sua mente, magoando-o e talvez até lhe oprimindo-o e reprimindo o brilho dos seus olhos, impedindo-os de cintilar (eu sei que um dia eles já foram estrelas) e fazendo-os doer, eu diria.

Bom, talvez tudo isto seja bobagem minha, sabemos das minhas paranoias e esquizofrenias, todavia, penso que seja válido deixá-lo ciente disto.

Com carinho,
Augusto


P.S.: Dizem que o mar cura este tipo de coisa. Quem sabe seja uma boa ideia visitar o mar. 



Monólogo de dois:

La Nuit

– Era difícil se concentrar, ou melhor, era difícil não viajar, sabe, divagar.
– Divagar sobre o que?
– O toque... Os dedos, as coxas.
– Estimulante?
– Subia e descia, lentamente, de modo muito sutil, porém firme. Me deixou embaraçado.
– Que noia isso...
– Não sei ao certo o porquê, mas talvez fosse a fluidez com que as coisas aconteceram, talvez a tentação, ou ainda a preciosidade do momento, entende? Talvez o sorriso, talvez por não esperar por aquilo, ou por não querer querendo. Não sei ao certo. É confuso pra mim.
– Mas por que aconteceu?
– Não sei. Não sei, mas espero que pelo melhor.

 


Je écrit, dans une heure paresseuse:

Pour toi, ma précieuse

Mon coeur, tous jours,
hurle pour l’amour
et mon âme-loup
se tortille dans un loop.


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Um quase-soneto XI:


 Sr. Soi & a Herética Paixão

É não dormir pensando
No que não se quer,
É não aquietar esperando

É continuar sentindo
Que o dever, a martelá-lo,
Não vai sumindo,
Fica marcado

É experimentar doer

É continuar fingindo
Que não quer pensá-lo
Nem dormindo
Nem acordado

É arder de profanação
No perigoso poder
Duma herética paixão