domingo, 17 de julho de 2011

Uma ária entitulada:

Um canto heróico quebrado

Por um cisto no peito
Eu cisco na minha alma
Busco, em mim, pelo leito
Em que te encontro salva
Lugar em que se agite
Centelhas de memória
Um risco sem limite
Sem telha ou divisória

Em que o vazio verte
E, então, “amo-te!”
É mais que uma sentença
Pois tornas-te presença

Movendo-me a uma dança,
De onírica sonata,
A qual nunca me cansa
Ou na face aclimata
As lágrimas que correm
Levando em si a saúdade
Dos que sozinhos morrem
Nesta imensa cidade

Da turba solitária
Que em toda sua área
Distribui, em matizes,
Tais corpos infelizes

terça-feira, 12 de julho de 2011

Imperativos hiperativos

Aos anjos de Augusto

Mata tua quimera, sê tua própria pantera
Toma-te e acenda-te, fuma-te como um cigarro
Vomita tua ânsia e cospe o medo num escarro
Não sê deus, sê fera e medra-te como hera

A mão que acalma é a mesma que laça
Então, desvia dessa mão dócil que te adula
Apedreja a boca muda que ainda a ti oscula
Faz, assim, da tua máxima ira a tua maça

Se te deixas morrer de modo afável,
Sem nem te debateres contra a sentença,
És, até os ossos, um homem miserável

Por mais que te seja o fim inevitável,
Não crê ser tua existência uma doença
Pois tua vida é uma criação infatigável